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Pessoas como eu não vivem muito,mas vivem como querem.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A vez das ciumentas

Entrevista: O escritor Fabrício Carpinejar, autor de “Mulher Perdigueira”, defende relacionamentos intensos e passionais

Você não deve se lembrar da última vez que ouviu um homem dizer que admira e defende mulheres possessivas, daquelas que estão sempre desconfiadas e que morrem de ciúmes. Pois Fabrício Carpinejar é um deles. No livro “Mulher Perdigueira” (Ed. Bertrand Brasil) ele homenageia a mulher possessiva, que segura o homem “pelos dois pés”. O título do livro, não por acaso, faz referência ao cão perdigueiro, originalmente empregado na caça. Em entrevista ao Delas, Carpinejar fala sobre como as pessoas andam confundindo amor com seguro de vida.

iG: Quem é a “mulher perdigueira” e por que você deu este nome a ela?
Fabrício Carpinejar: A mulher perdigueira surgiu como uma espécie de gíria. É aquela mulher que fica no encalço e, assim como o canalha, que em sua origem significa vira-lata, é uma estigmatizada da paixão. A gente sempre pensa que o canalha é um marginalizado no amor, e com a mulher perdigueira não é diferente nesta marginalidade. Todo homem diz que ela não é desejada por causa do excesso de ciúmes, mas isso não é verdade. O problema de um relacionamento nunca é o ciúme, é a indiferença. O amor é justamente misturar defeitos e qualidades e se humanizar violentamente, então eu faço a defesa do ciúme. Se a gente tem a capacidade de legitimá-lo, de aceitá-lo, ele acaba ajudando no relacionamento. O ciúme correspondido ajuda o amor, mas se isolado ele acaba virando suspeita, porque quem o sente acabará encontrando uma maneira de correspondê-lo.


iG: Você acredita que as pessoas desvalorizam o ciúme atualmente?
Fabrício Carpinejar: Ninguém quer saber disso, achamos o ciúme um desrespeito, uma afronta, uma falta de confiança na relação, mas se a gente ajudar o outro, conversar com o outro, é óbvio que não vai virar uma paranoia. Mas nos sentimos valorizados e queremos criar o mistério, o suspense, e aumentar o ciúme, mas quando ele cresce, depois não queremos nos responsabilizar. Se uma mulher está sendo barraqueira, obsessiva, ela tentou avisar do ciúme antes, mas não foi correspondida.


iG: Embora estas características da mulher perdigueira sejam vistas como um defeito, você as vê como uma qualidade? Que outras qualidades ela possui?
Fabrício Carpinejar: Pensando na mulher perdigueira, a gente só pensa nos efeitos colaterais, mas esquecemos deste lado generoso dela, do lado cúmplice, de que ela é transparente, sincera, se ela não gostar de algo ela vai dizer, se gosta também, ela não vai se guardar para depois. Ela é pontual amorosamente, está sempre pensando numa maneira de surpreender, na rotina ela acaba sendo uma mulher mais próxima, também. Ela é a melhor companheira que existe, porque não está se disfarçando e entende que o amor é esta explosão. Só que as pessoas não confessam que querem isso.


iG: O que você acha que as pessoas querem num relacionamento hoje?
Fabrício Carpinejar: Hoje você tem que estar equilibrado, todo mundo quer ter seu próprio espaço, ninguém quer se misturar, se mesclar. É claro que é legal respeitar a solidão do outro, mas há um individualismo que de certa forma não faz a gente querer um amor, mas uma amizade. Não queremos nos desesperar por alguém, queremos mesmo é evitar o sentimento extremado. Se você pode sair e voltar a qualquer hora, se você tem o controle do que você pede num relacionamento, isso é tudo menos amor. Os relacionamentos hoje são mais acordos do que entregas, mas na verdade queremos alguém que possa nos reconhecer.


iG: Você acredita que as pessoas estão procurando mais segurança do que amor?
Fabrício Carpinejar: As pessoas deviam fazer seguros de vida para não confundi-lo com amor. Porque amor é justamente isso, é ficar inseguro, é ter aquele medo de perder a pessoa todo dia, é ter medo de se perder todo dia. É você se ver mergulhado, enredado, em algo que você não tem mais controle. Mas aí o que fazemos? Amamos com limite para não sofrer. Mas eu prefiro muito mais quem se ilude a quem é cético; precisamos desta ilusão que é justamente aceitar o risco que estamos correndo.


iG: Na crônica “Não Sabemos Namorar”, você diz que não acredita nesta história de acomodação do romance, que de uma hora para outra, cansamos. Para você, o que é saber namorar e o que realmente acaba fazendo um casal se cansar do relacionamento?
Fabrício Carpinejar: Eu acho que saber namorar é realmente incomodar, provocar, é ser uma agência de notícias. Se eu almoço sozinho, por exemplo, eu não consigo fazê-lo sem ligar para minha namorada e perguntar o que ela almoçou. Eu quero saber o que ela está comendo, o que ela está fazendo naquele momento. Agora, se a pessoa pensar que o outro não merece saber, se não tiver paciência, é isso que acaba um relacionamento: é a impessoalidade.


iG: E o homem, também pode ser perdigueiro?
Fabrício Carpinejar: Claro, às vezes é até mais perdigueiro do que a mulher; ele sofre com o ciúme, mas também não o aceita. É a mesma coisa, mas em outras porções: ele não sabe confessar mais e não percebe tanto as sutilezas quanto a mulher perdigueira. Porque a mulher é muito melhor perdigueira que ele, é só reparar: ela sabe muito bem quando ele está traindo, enquanto o homem não, porque ela repara nas sutilezas. O homem só é atento na hora do desespero, enquanto a mulher perdigueira é constantemente desesperada. Ele só se dá conta na hora que perdeu tudo, já para a mulher, todo detalhe é essencial e ela se antecipa. Ela se importa com o supérfluo, com o fútil, ela saberia dizer apenas pela roupa do namorado qual a predisposição dele para o mundo, se ele está afim de outra pessoa ou não. O homem costuma mal se olhar no espelho, por outro lado. No dia em que ele se tornar mais metrossexual, mais vaidoso, ele vai reparar mais na mulher; e vai encontrar nela aquilo que trabalhou em si.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sigilo Profissional




Escritor é fofoqueiro. Fofoca até o que acontece em sua imaginação. Se a vida não ajuda, ele trata de ajudar a vida inventando casos. É um trabalho em equipe.

Uma das minhas euforias é contar o dia para minha namorada. Volto de uma palestra, de uma aula, e vou falando sem nenhum empurrão. Narro que toquei no braço da poltrona e vi um chiclete colado no forro e fiquei sondando qual foi o palestrante porco que me antecedeu, lembro que fui elogiar um brinco da mediadora e era uma cicatriz, falo mal de uns e de outros, reproduzo o desempenho dos estudantes que mais crescem na atividade, cristalizo frases do Vicente (“Só sonho nos finais de semana, quando tenho direito a dormir até 8h30”) e coleciono dados para impressioná-la, tipo que a empresa Marco Polo vendeu 700 ônibus para Copa ou que Robinho é o jogador que fez mais propagandas no país. Confesso o que comi no almoço, o que jantei, quem encontrei, atualizo as histórias de meus amigos prediletos (todo amigo é uma fotonovela). Reproduzo frases do twitter, explico os textos que escrevi, sou uma draga.

É evidente que busco o contraponto e pergunto no meio da catarse noturna: “Como foi seu dia?”

Instante de tirar os sapatos, relaxar e intercambiar experiências. É a pausa para não me envaidecer com as próprias lembranças e desafiar os olhos a piscar devagar.

Mas ela me responde sempre com “bom”.

E o atendimento?, insisto.

“Deu tudo certo.” E o papo termina sem mais nem menos. Não termina, expira.

Namorar uma psiquiatra é o equivalente a namorar um agente secreto. Não há passado, mas prontuários. Ela não me abre coisa alguma, avisa que é tudo privado e segredo de paciente. Uma confidência de padre. Que não insista, que sua clientela confia nela. Tem uma bula de argumentos: se cochichar um hábito, sou bem capaz de reconhecer seu portador na rua.

Já ousei trilhar as perguntas de vários caminhos e sou interceptado com lacônicas generalizações. Não me esclarece se é homem ou mulher, sua saída é usar “uma pessoa”. Alta ou baixa? Nunca. Magra ou gorda? Nunca.

Fujo de seu telefone para não causar mal-estar. Quando tem uma urgência, saio de perto e cantarolo a fim de abafar o som. Eu me reprimo para não me deprimir.

Cogito em criar uma associação dos namorados e das namoradas de psiquiatras. Para discutir tudo o que não sabem dos seus parceiros e como admitir a inexistência diurna.

O máximo de intimidade é quando ela diferencia o atendimento entre pesado e leve. Pouco alcanço o que está passando, do que enfrentou em horas e horas de divã, se tem conseguido absorver traumas e resistências. Quem diz que não está metida numa boca braba? Não irei desconfiar. Não há um vazamento para descobrir a calha quebrada. Ela não fala, não pode falar. Não comenta uma indiscrição, guarda para si, uma pira espartana. Partilha convicções de uma seita, participa de uma mensagem cifrada, abraçou uma vocação, uma missão altamente solitária. Algo que minha curiosidade não aceitará. Não faz nenhuma diferença se prometo segredo — ela me achará abusado e invasivo. Não está no horizonte correr riscos profissionais pela minha carência. É assim e que trate de me acostumar.

Se eu fosse um colega, talvez me pedisse conselhos, talvez me ligasse para confirmar a dosagem da medicação, talvez dedicasse noites a detalhar fatos e cruzar informações. Apaziguada, desligaria o abajur, encostaria o rosto no peito e me agradeceria sinceramente pela ajuda e paciência. Eu me sentiria importante, lavaríamos os jalecos na mesma máquina de lavar. Ela não arderia de medo das minhas palavras e atitudes. Em nossas gargantas, haveria um idêntico juramento de formatura.

Mas eu não tenho anel verde de médico, meu sonho é a aliança que simplifica e democratiza as confidências, sofro horrores porque desconheço o dia dela. Não diferencio sua segunda da terça da quarta da quinta da sexta. É tudo um dia bom.

Ou arrumo um psiquiatra para desabafar ou curso Psiquiatria enquanto é tempo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O valioso tempo dos maduros






Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Malditas palavras





Aproveitei nesses últimos dias para pensar sobre crises;

Ações retrospectivas, não valem a pena.Conferido e aprovado.

Essencialmente solidão não é comigo,adoro ficar só;Nunca na solidão.
Mas mesmo estando acompanhada me sinto assim,pode me perguntar porque??? e já te digo.
As pessoas tem um canto só dela,fazem seus questionamentos,dão suas respostas e se aconselham.Me vejo assim ás vezes, falo sozinha e confesso.Acho o máximo !
Caixinha de "pandora", todos tem.

Recebi uma palavra "maldita" esses dias,disparou imediatamente meu botão automático de solidão,e veja bem não estava sozinha.
Até se tivesse uma "acetona" emocional usaria, limpa muito rápido.

Dizia a mim mesma, está machuca e seu dia está péssimo.Não concordo disse pra mim mesma, sou feliz.Apenas fui confundida,a palavra veio errada.

Que nada,era pra mim mesma;Porém não consegui administrar minhas emoções que por hora estão tão afloradas quanto ao dia do parto.


Você sabe que ado estamos sendo confrontados seja lá porque, reagimos cruelmente consigo mesmo,né?
E sabe que mais me atormenta,o orgulho dos dias de hoje.Como parece ser "frouxo", se deleitar na ministração do perdão e se deliciar no acerto,,,

Não entendo alguém que diz amar e se autofragela.Não dá e não recebe.
Percebe como sai fácil as ofensas e a palavra de amor, carinho tudo que engloba a afectividade é difícil.

Mas vejo isso muito,de verdade.
Parece até que vem na agua,antídoto contra ser Feliz.

Não é fácil,confesso manter o controle dentro de um contexto que se sente o "caco", não é especialidade de ninguém acredito.

As palavras nem ao menos ajudam quando se sente assim,uma dor que transcende seu raciocínio.Procuro não censurar e nem revi dar a sua acides...Ela MATA!
Imagine só, seres de tribos diferentes querendo passar o tempo todo seu próprio código de comunicação,"digo A, você entende Z"

Sabe que não há novidades nas discussões de casais;Apenas mudam de lugar,não se engane...até os "pombinhos" tretam feio.

Os encontros são mais coincidências do que verdade;Amor pra mim é empréstimo, só se pode pagar com Amor,e é necessário saber se não estamos em inadimplência.

Tem dia que acordo e minha vontade é sair pra lugar nenhum, ouvindo o Bob - Rebel.
E dizer prós meus amados, me deixe respiram por uns dias.Me canso de mim mesma.

Tenho nojo de mim , é preciso me limpar.

Comunicadores que não funcionam, já pensou nisso ?
É muita rivalidade para ter o poder, e em geral todos querem ganhar.
Se é Amor, não há perdedores.

Eu quero ser feliz, até que perca a "razão".

Dissimulação, fingimento, astúcia.Não quero em mim.

É duro conviver com alguém e depois descobrir sua deslealdade. E, estatisticamente falando, a chance de você já ter sofrido por isso é quase de 100%, apesar dos vários “Tome cuidado com fulano...”

Isso acontece diariamente nos laços afectivos e amorosos, no trabalho, ou quando a gente precisa de ajuda.

E isso dói, machuca e faz nascer – não raro – um sentimento amargo como fel.

Muitas vezes escondemos as fraquezas na superioridade, sabendo isto...Pare!Pausa!Pense!
Partindo disto, fecho o pensamento: De modo involuntário, persego e perseguimos um ideal de domínio, louco para exercer o controle e ditar as cartas. E não é.
Boa Sorte !