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Pessoas como eu não vivem muito,mas vivem como querem.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A arte de pedir em namoro


É namoro ou amizade? Rolo, cacho, ensaio de amor, romance ou pura clandestinidade? “Qualé a sua, meu rapaz?!”, indaga a nobre gazela.
E o homem do tempo nem chove nem molha. Só no mormaço, só na leseira das nuvens esparsas.
No tempo do amor líquido, para lembrar o título do ótimo livro de Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos encontros amorosos de hoje em dia, é difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero...
Cada vez mais raro o pedido formal de enlace, aquele velho clássico, o cara nervoso, se tremendo como vara verde: “Você me aceita em namoro”?
O tempo passava e vinha mais um pedido clássico e igualmente tenso. O pedido de noivado.
Mais adiante, a hora fatal, mais uma tremelica do jovem mancebo: Você me aceita em casamento?
E pedir a mão,aos pais, meu Deus, haja nervosismo, melhor tomar um conhaque na esquina para encorar-me.
São raros, raríssimos hoje esses nobres pedidos. Em alguns setores mais modernos e urbanos, digamos assim, talvez nem exista mais.
O amor e as suas mudanças.

Adultério e Tecnologia de Ponta

A amiga W., tão amadora em novas tecnologias quanto este cronista pterossáurico da Chapada do Araripe, me diz, entre o riso e o espanto:
- Esses programas de geolocalização vão acabar com o mistério mais velho e bíblico da humanidade: a suspeita de estar ou não sendo traído.
A mulher com W. maiúsculo, personagem de uma letra da banda Mundo Livre S/A, discorria sobre a possibilidade de sermos facilmente rastreados a um simples clique. A velha história contada pelo camarada George Orwell, no seu livro “1984”, que agora se torna banalidade.
Alheio ao novidadismo mais radical, não esquento com essa história das máquinas saberem onde estamos, mas a observação da amiga faz sentido. Você pode simplesmente entrar em um motel na Marginal Pinheiros, em São Paulo, e ser traído pelo emaranhado do sistema, do GPS, da rede fenomenal do Big Brother.
Não estou aqui na defesa da pulada de cerca 100% segura, essa é uma utopia fora do nosso alcance. Simplesmente lamentamos, depois de várias caipirinhas na agradável e sexy companhia de W., o fim do suspense hitchcockiano do chifre.

Risque Risque

RISQUE MEU NOME DO SEU ORKUT

Você amigo, você fofolete, acaba o casamento, o romance, a novela, o amancebamento, o caso, o rolo, mas continuam acompanhando a vida do(a) ex no Orkut,no Facebook, nas redes sociais mais intimistas.

Um desastre. Podendo evitar, meu caro, minha princesa, evitem. Corra fora rapaz, corra, Lola, corra. Aproveitem que os laços foram cortados no plano real e passem a régua também nas espumas da virtualidade.

O mais é sofrimento à toa, reacender a fogueira do ciúme, masoquismo, perversão, sacanagem. Um risco que não vale mesmo a pena. Depois não digam que foi por falta de aviso.

Qualquer recado ou post, mesmo os mais inocentes ou sem propósito, vira um inferno na terra. Para completar, tem sempre alguém mais sacana ainda e entra no jogo, só por ruindade, dando linha na pipa da maldade.

Prefira não, amigo, caia fora mesmo, Lola.

Não adianta nem tentar dizer que não liga, que é apenas virtual, que leva na buena, que acabou tudo bem e que é civilizadíssimo. Melhor evitar aperreios no juízo.

Você já prestou atenção, meu jovem, na fartura de tragédias amorosas que tiveram como espoleta da discórdia um simples comentário na Internet, uma foto sensual no Orkut, uma alteração no status do relacionamento?

E tem outra: precisa ser muito tranqüilo para não ficar fuçando a vida do(a) entidade chamada ex. Quem resiste ai levante o dedo.

Melhor evitar o brinquedo assassino chamado ciúme, esse satanás de chifre.

Sim, tem que ser forte para cair fora, para bloqueá-lo(a), para dar um tempo inclusive na amizade forçada –não há civilização no fim do amor, a barbárie e a selvageria sempre prevalecem.

Não basta o sofrimento mais do que real da ressaca amorosa? Basta.

Como recomendava a canção das antigas, risque o meu nome do seu caderno, pois não suporto o inferno, do nosso amor fracassado.

Ninguém segura essa onda. Claro que só uma minoria maluca chega à violência, ao inconcebível. A maioria, mesmo silenciosa, sofre horrores, se acaba, o velho pote até aqui de mágoa, como diria o xará Buarque, faça não, caia fora, faz bem para manter a sanidade.

Risque o meu nome do seu Orkut, diga ao Facebook que não estamos mais em um relacionamento sério...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Educação Emocional

Já ouvir dizer sobre essa materia ?!

Nossa sociedade, voltada para a produtividade, a objetividade e a racionalidade, deixa em segundo plano as emoções, a subjetividade e nosso mundo interior.

Aprendemos na escola a sermos organizados, a resolver problemas concretos e racionais, a sermos eficazes e eficientes. Mas geralmente não aprendemos a observar atentamente nossas emoções e expressar claramente nossos sentimentos.

Mesmo a educação que recebemos de nossa família raramente nos orienta a olharmos profundamente para nosso interior a fim de descobrir nossos sonhos e desejos mais íntimos e abraçá-los como objetivo de vida que nos trará felicidade.

Em geral somos orientados a ver a felicidade como algo que virá automaticamente se seguirmos um “script” já traçado pela sociedade. Neste script, a prioridade é ganhar dinheiro: conseguir um bom trabalho que nos possibilite adquirir bens materiais e oferecer uma vida confortável para nós mesmos e nossa família.

Crescemos aprendendo que TER e FAZER são coisas mais importantes do que SER e SENTIR. Então nossos sentimentos e quem realmente somos acabam ficando escondidos em meio ao nosso dia a dia de produtividade e busca de sucesso material.

Vários problemas psiquiátricos, psicológicos e emocionais encontrados hoje em dia são ocasionados pela falta de auto-conhecimento e de atenção às nossas emoções e necessidades internas.

Quando não damos atenção a uma emoção, quando nem ao menos percebemos o que estamos sentindo ou então tentamos esconder nossas emoções e não as expressamos, é bastante provável que comecemos a desenvolver algum tipo de tensão e ansiedade.

Se essa ansiedade persiste, ela pode se tornar estresse, com vários sintomas físicos, como dores de cabeça, tensão muscular, problemas digestivos, insônia ou excesso de sono, doenças relacionadas com o sistema imunológico, como gripe, herpes, ou outras infecções ocasionadas por vírus oportunistas, etc.

A ansiedade em excesso pode também se transformar em algum transtorno de ansiedade: transtorno do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de ansiedade generalizada. Ou pode ser o início de uma depressão ou outros problemas psicológicos e psiquiátricos.

Para termos uma vida mais plena, com mais felicidade e realização pessoal, é necessário equilibrarmos nossas necessidades externas (físicas, materiais) e nossas necessidades internas (auto-conhecimento, emoções).

Muitas vezes temos que passar por uma verdadeira “reeducação emocional”, aprendendo a perceber, expressar e lidar com nossas emoções, em vez de ignorá-las ou tentar sublimá-las, como talvez tenhamos feito durante toda nossa vida.

Isto nem sempre é fácil, e a psicoterapia pode ajudar neste processo de descoberta de nós mesmos.

A psicoterapia nos ajuda a enxergar e entender melhor nossos desejos e necessidades internas, nossos medos e angústias, e a lidar melhor com eles. Nos ajuda a perceber e nos relacionar melhor com as situações e as pessoas ao nosso redor. E nos ajuda a perceber que somos responsáveis por nossa própria vida e temos a capacidade de transformá-la para viver cada vez melhor.

Subir pelo lado que desce


Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce.

Ouvindo esta frase, imaginei qualquer pessoa nessa acrobacia que as crianças fazem ou tentam fazer: escalar aqueles degraus que nos puxam inexoravelmente para baixo. Perigo, loucura, inocência, ou uma boa metáfora do que fazemos diariamente?

Poucas vezes me deram um símbolo tão adequado para a vida, sobretudo naqueles períodos difíceis em que até pensar em sair da cama dá vontade de desistir. Tudo o que quereríamos era taparmos a cabeça e dormirmos, sem pensarmos em nada, fingindo que não estamos nem aí…

Porque Tanatos, isto é, a voz do poço e da morte, nos convoca a cada minuto para que, enfim, nos entreguemos e acomodemos. Só que acomodar-se é abrir a porta a tudo aquilo que nos faz cúmplices do negativo. Descansaremos, sim, mas tornando-nos filhos do tédio e amantes da pusilanimidade, personagens do teatro daqueles que constantemente desperdiçam os seus próprios talentos e dificultam a vida dos outros.

E o desperdício da nossa vida, talentos e oportunidades é o único débito que no final não se poderá saldar: estaremos no arquivo-morto.

Não que não tenhamos vontade ou motivos para desistir: corrupção, violência, drogas, doença, problemas no emprego, dramas na família, buracos na alma, solidão no casamento a que também nos acomodamos… tudo isso nos sufoca. Sobretudo, se pertencermos ao grupo cujo lema é: Pensar, nem pensar… e a vida que se lixe.

A escada rolante chama-nos para o fundo: não dou mais um passo, não luto, não me sacrifico mais. Para quê mudar, se a maior parte das pessoas nem pensa nisso e vive da mesma maneira, e da mesma maneira vai morrer?

Não vive (nem morrerá) da mesma maneira. Porque só nessa batalha consigo mesmo, percebendo engodos e superando barreiras, podemos também saborear a vida. Que até nos surpreende quando não se esperava, oferecendo-nos novos caminhos e novos desafios.

Mesmo que pareça quase uma condenação, a ideia de que viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce é que nos permite sentir que afinal não somos assim tão insignificantes e tão incapazes.

Então, vamos à escada rolante: aqui e ali até conseguimos saltar degraus de dois em dois, como quando éramos crianças e muito mais livres, mais ousados e mais interessantes.

E porque não? Na pior das hipóteses, caímos, magoamo-nos por dentro e por fora, e podemos ainda uma vez… recomeçar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Não jogue fora suas lágrimas

Sou apaixonado por pesquisas estranhas, como as que avaliam o salto acrobático das pulgas entre cães e gatos. Não sei o que os cientistas vêm tomando – mas também quero. Perto deles, os escritores sofrem de bloqueio criativo.

Agora existe uma nova enquete publicada na revista Science e coordenada por instituto israelense de que as lágrimas das mulheres podem combater o câncer de próstata e inibir a calvície. Ao beber as lágrimas femininas, os homens têm redução dos níveis de testosterona. Ficam mais sensíveis, o ritmo cardíaco e respiratório amansado. É como transformar Guiñazu em Bebeto.


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Toda vida eterna é provisória

Toda vida eterna é provisória. A tranquilidade é cheia de alternâncias. Serão semanas de infindável paciência, de alegria intacta, e algumas horas de ressentimento e azar. Nada vai mudar. Até o mar tem dias de ressaca. Não podemos aumentar a exigência a cada questionamento, formular paranoias e teorias de conspiração, esperar desmascarar nossa companhia. No fundo, ninguém se ama o suficiente para ser amado.

O bigode amarelo de FLAUBERT



Primeiro do ano de 2011, larguei o cigarro, pela segunda vez. Há a teoria de que a abstinência vinga na quinta tentativa.

Estou me adiantando, não sei se conseguirei ou repetirei o fracasso. Antecipo desculpas. Não é fraqueza, é covardia. Não tento ser melhor do que sou, só procuro não me piorar.

As noites têm sido infernais, infantis, sonho que roubo baganas do lixo. Até no sonho não posso mais fumar.

Gemo, grito e desaforo, apesar do adesivo e do Diazepam.

Apresento baqueteamento digital (meus dedos viraram baquetas), o primeiro sinal de enfisema. Meu avô materno morreu exatamente disso.