Deixa-me errar alguma vez, porque também sou isso: incerta e dura.
Quem sabe teríamos sido apesar de tudo um grande par.
Nesse nosso tempo juntos, entendi que amar não é suficiente.
Amo a mulher que está escondida em você. Essa que você talvez nunca encontre, porque não está procurando.
A gente precisa ser domesticado desde o dia em que nasce.
Deve ser o nosso jeito de sobreviver – não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem.
Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas.
Amigos fazem parte de meus alicerces emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu.
Nosso drama é que às vezes a gente joga fora o certo e recolhe o errado. Da acomodação brotam fantasmas que tomam a si as decisões.
Nunca mais pertencer a nada com tamanha certeza.
Nem sempre está faltando amor, mas sim, humor.
No século dos mais altos decibéis, quando se trata da palavra somos desajeitados: temos medo de falar, e temor de silenciar.
Indagações variadas nos perturbam, e temos poucas respostas.
Não sabemos como conduzir a vida, como acertar os ponteiros de nossas ambições com os das nossas possibilidades.
O problema é que a gente não esquece. Isso que foi empurrado debaixo do tapete, continua lá, olhos abertos, e nos vigia e nos puxa.
Pra que remexer nas confusões da coisas? Bom mesmo é tentar esquecer o que não tem jeito nem cura.
Entre ficar como está ou tentar nadar contra a correnteza, em geral preferimos deixar tudo como está.
Somos bons e somos maus: na treva do nosso inconsciente cochila o que nem sonhamos poder ser.
Ardo na minha contradição. Desabrocho na minha dúvida. Faço da vida um presságio e da verdade um pressentimento.
Quem ama cobra responsabilidades.
Tudo existe. Tudo o que a gente inventa existe, se a gente quer, existe lá no seu mundo, do seu jeito.
O que vai ser de mim? Me pergunto isso todos os dias. O que vai espirrar nas paredes, o que vai-se derramar no chão: a merda ou o sonho?
É assim o tempo: devora tudo, roendo, corroendo, consumindo, e nada nem ninguém lhe escapará, a não ser q faça dele seu bicho de estimação.
Não se deve cair nos braços do outro como quem cai na armadilha do "enfim nunca mais só!", porque aí é que a coisa começa a ferver.
Não quero ter de viver só no que se delimitou como sendo o real.
Ainda estamos nas cavernas, apesar do vidro fumê e dos controles remotos.
Doentes de medo, desviamos o olhar da realidade.
Ponho a máscara do dia, e assim garanto a minha sobrevida.
Escrito por Lya Luft, personagem da literatura atual
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